domingo, 9 de março de 2008

Antes disso porém e bem antes, os selvagens descendentes de Abraão, recém saidos dos ínvios desertos da Arábia, no encalço dos amorreus, heteus e outros povos de origem indo européia penetraram no Delta do Nilo e se instalaram na terra de Gossem, na qual viveram durante gerações sob o beneplácito dos invasores, denominados Heka Chesut ou Hiksos.

Cientes de que o Egito estava passando por mais uma de suas crises insititucionais e dividido em dezenas de nomos ou províncias rivais, os Hiksos não hesitaram em apossar-se de todo baixo Egito chegando a cobrar tributos da própria Tebas.

Ergueram uma cidadela chamada a princípio Avari e posteriormente Tanis, na qual estabeleceram uma monarquia e o culto de seu deus Set, mais tarde idenficado com o Diabo, pelos sacerdotes egipcios. Dentre outros benefícios os Hiksos foram reponsáveis pela introdução dos cavalos, dos carros e do ferro no Egito.

Durante o tempo que permaneceram no Egito - cerca de 200 anos - os hapiru entraram em contato com a nação mais civilizada do planeta e receberam por assim dizer os rudimentos da civilidade...

Foi no Egito certamente que o espiritualismo abraamico se tornou ainda mais nítido, quase que convertendo-se em monoteismo. Monoteismo que se encontra claramente expresso nos escritos do legislador hebreu Moisés.

Segundo S. Freud Moisés era um egipcio, sectário do culto de Aten, que ao ver-se regeitado por seu povo, arregimentou um grupo de escravos asiáticos, muito dos quais leprosos, conduzindo-os a Palestina, onde teria sido assassinado por eles...

Sabemos no entanto que os eventos relatados no êxodo são cerca de meio século anteriores ao reinado do Faraó monoteista, tendo a fuga dos asiáticos ocorrido no reinado de Amenófis II, cerca de 1440 a. C.

Pois a princeza Thermutis, que recolheu o legislador hebreu e fe-lo educar "em todas as ciências dos egipcios" outra não foi senão Hatchepsut Maatkare, a grande faraona que enviou seus navios a terra do Punt e mandou erguer os maiores obeliscos já erguidos nos dois países...

Mal sabia Hatchepsut que ao educar Moisés como princípe egipcio estava a educar uma coletividade inteira e a fornecer-lhe instituições que de alguma maneira se estendem até o século XXI d C!

Como bom aluno dos sacerdotes egipcios que pontificavam nas casas da vida, Moisés apresenta o Ente Supremo sobretudo como um Ser Eterno, fazendo-o dizer ao povo: Eu sou aquele que era, que é e que sempre será, ou seja, o Eterno, o Senhor da Eternidade.

Já os egipcios diziam "Ele é aquele que criou a si mesmo e que subsistirá para sempre.".

Nem por isso o "jeovismo" deixa de apresentar vestigios antropomórficos, haja visto aquela passagem das escrituras hebraicas em que deus é apresentado como tendo saltado sobre Moisés durante a noite com o objetivo de esgana-lo, o que teria feito se Sefóra, esposa de Moisés, não lho tivesse circuncidado...

Apesar da pregação mosaica ser nitidamente monoteista, não é menos verdade que a maior parte do povo hebreu permaneceu henoteista e propenssa a adoração das divindades estrangeiras, ou seja ao politeismo.

O deus espiritual, eterno e único por sua vez ainda não se distingue moralmente das divindades falsas. Trata-se dum deus tirânico, despótico, caprichoso, colérico, vingativo, etc tal e qual Baal, Moloch, Khemosh, Renfã, etc

O dilema de sua quantidade foi superado pela afirmação da unidade, mas, o problema, mais importante, o problema basilar, o problema crucial: o problema de sua qualidade ou de seu cárater, permanece insolúvel ou nos mesmos termos do paganismo.

Sob o aspecto da qualidade ainda estamos diante duma divindade pagã que trata os homens como seus escravos, como seus servidores, como seus empregados e não como seus filhos.

Queremos dizer com isto que o Jeová hebreu - ao menos a princípio - não era condicionado por uma idéia absoluta de justiça, bondade ou misericórdia, mas que o critério de suas relações com o mundo era sua vontade e que sua vontade era o único padrão de justiça. As relações não eram justas em função dum princípio abstrato de justiça reconheciso como tal pelo próprio Deus, mas em função da vontade de Deus a qual poderia muito bem, caso lhe conviesse, declarar a justiça injusta e a injustiça justa...

Tal o sentimento que perpassa todo o livro de Jó: de um homem que tendo sua consciência limpa e serena ve-se contrangido a reconhecer como justos uma série de punições divinas, pura e simplismente porque a vontade caprichosa de seu criador, lhos impõe como tais...

Jó não é apenas um justo, como a piedade tem afirmado, mas alguem que foi injustiçado pela Suma justiça em nome da força. Pois o Deus de Moisés é sobretudo uma força ou um poder... desta concepção ultrapassada é tributário o símbolo de fé, porquanto reza: creio em Deus Pai todo-poderoso, ao invés de proclamar: creio em Deus Pai que é todo amor, bondade e misericórdia e glorificar os santos e divinos Evangelhos.

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