segunda-feira, 10 de março de 2008

Enquanto isso, do outro lado do mundo, a consciência humana não permanecia ociosa quanto a aquisição da verdade.

Enganam-se por completo aqueles que imaginam ter sido o monoteismo uma aquisição exclusiva do pensamento Ocidental ou que sua descoberta esteja ligada a uma determinada região do planeta. Muito pelo contrário trata-se duma idéia apreendida por elementos pertencentes as mais diversas culturas e geograficamente separados uns dos outros por uma larga extenssão de terras.

Aflorou na China e aflorou na ìndia, como testemunham as fontes e documentos religiosos daqueles povos, embora fosse, posteriormente eclipsado pelos preconceitos religiosos e crendices que prevalecem nesses países até os dias de hoje.

Cerca do século V a C floresceu na antiga China um dos homens mais extraordinários a que se referem os anais da História: Motse. Segundo Mencius, Motse "seria capaz de sacrificar a cabeça e os calcanhares em benefício da humnidade.". Chuangtse descreve os seguidores de Motse como homens que trajavam fatos grosseiros, que calçavam sandálias e que tinham por escopo viver apenas com o que fosse estritamente necessário, sem luxos e dissipações.

Na esteira do Faraó herético esse São Francisco Chinês escreveu um livro inteiro com o objetivo de mostrar a todos os homens a futilidade da guerra.

"O Céu, diz ele, deseja que os homens se amem uns ao outros e se auxiliem mutuamente e reprova que se odeiem e prejudiquem."

E arremata: "O céu deseja a jutiça e abomina a iniquidade."

Eis como se expressa sobre as guerras: "Asssim quando se comete um crime isolado todos o consideram digno de condenação, mas, quando esse crime assume proporções maiores como ocorre nas guerras, ninguem lho conden, antes aplaudem-no. Acaso há justiça e ponderação nisto? Assim concluimos que as autoridades não sabem a diferença que há entre o justo e o iniquo.".

Passando aquelas regiões tropicais que se situam entre o Ganges e o Indo, nos deparamos com estas luminosas expressões:

"Não há senão um Deus e não pode haver outro. Só ele governa e rege o universo pelo poder superno. Ele está por trás de todos os seres e foi ele quem criou os turbilhões de mundos. Ele é o protetor generoso que tudo ampara e sustenta até a consumação dos tempos.

Ele é o Criador e a origem dos deuses todos, Único e grande vivente, Senhor de tudo, criador de tudo o que há.

Conheço a imenssidão do teu ser e sou iluminado em meio a escuridão. Aquele que obteve este conhecimento não conhecerá a morte, eis o único caminho a ser trilhado.

O universo todo está cheio da tua presença soberana e além da qual não há coisa alguma. Pois estás sozinho contigo e desacompanhado.

Tú não possues qualquer tipo de forma e não és dominado pela paixão.

Grande pessoa e Senhor que moves a nossa existência, a tua natureza é pura, és onipotente.

Onipresente é e tudo sabes...

Teu espírito incorporeo é que governa todas as coisas." In Upanishad Svetasvatara.

"Todos os seres habitam em mim, mas, eu não habito neles.

Como o ar sendo amplo se move em toda parte, todos os seres existem em mim...

Mas ouve filho de Kunti: os que possuem a alma grande esses reconhecem-me a mim como fonte imutavel dos seres e adoram-me com devoção exclusiva e fervorosa.

Eles contemplam a minha glória e curvam-se reverentes diante da minha magestade eterna.

Eles reconhecem-me como o único, o exclusivo e isento de formas.

Eu sou as ervas do campo, o cântico sagrado, a oblação ritual, o fogo e o sacríficio.

Sou Pai e Mãe do universo, o grande sustentáculo, o Senhor supremo, o único, o misericordioso.

Sou o caminho, o amparo, o amigo, a prova, a morada, o refúgio, o princípio, o fim.

Sim Arjuna eu sou a fonte de todo calor e retenho a brisa em meu poder.

Sou a morte e a imortalidade, o oculto e o manifesto.

Os que me adoram e me consagram todos os pensamentos, a esses devotos eu prometo a felicidade e concedo a remissão.

Aqueles que associam outros deuses a mim e lhos adoram pecam contra a lei, pois até mesmo essas divindades me adoram.

Pois somente eu sou o Senhor enquanto eles desconhecem a verdade e estão sujeitos a roda dos nascimentos.

Os que adoram os deuses vão para os deuses, os que adoram ancestrais vão para os ancestrais, os que adoram os espíritos vão para os espíritos, mas os meus adoradores vem até mim.

Aquele que com devoção me oferece uma folha, uma flor, um fruto, uma gota dagua com devoção eu aceito.

Eu sou o mesmo para todos os seres e não faço distinção de pessoas. Os que me adoram piedosamente estão em mim e eu neles...

Todos os deuses não conhecem a minha origem, pois eu sou a origem dos deuses e espíritos.

Eu jamais nasci ou fui gerado, em mim não há princípio pois eu sou o Senhor Supremo do universo...

Eu sou a fonte de todos os seres, tudo parte de mim e me presta culto.

Os corações que se saciam de mim fluem duma alegria eterna." Bagava Gita. cap IX e X

Posteriormente esses pensamentos foram reeditados por Manikka Vasagar, Ramajuna e Mandhava o Amandatritha, no decorrer da era Cristã.

Nenhum comentário: