segunda-feira, 10 de março de 2008

Ficasse o gênio grego - tão fecundo nas mais diversas áreas do conhecimento humano - inativo e ocioso diante da questão teriamos diante de nós uma anômalia inexplicável...

O caso é que desde o século VI a C os gregos tomaram ciência da unidade divina por via meramente racional e reflexiva.

Tão nítido foi o conhecimento aurido pelos gregos a esse respeito que diversos Padres da Igreja como Aristides, Atenagoras, Justino, Clemente, Orígenes, Eusébio, Agostinho, etc atribuiram-lhe a faculdade da profecia.

"Todos os que pensaram deacordo com a razão divina são Cristãos - embora tivessem sido considerados ateus pelos politeistas - tais são, entre os gregos Sócrates e Heráclito e entre os bárbaros Abraão, Ananias, Azarias, Mizael, etc" escreveu Justino em sua primeira apologia.

Parece que o primeiro filosofo a deduzir a unidade divina foi Xenófanes de Colofão.

"Os mortais creem que os deuses são gerados,
que como eles se vestem tem corpo e voz...
Os egipcios dizem que os deuses tem nariz chato e são negros,
os trácios que tem olhos verdes e cabelos ruivos...
Mas se mãos tivessem os bois, cavalos e leões
e pudessem com elas desenhar e criar obras como os homens,
os bois, cavalos e leões representariam seus deuses,
como bois, cavalos e leões, tais e quais eles mesmos são...
Existe um único Deus, superior a deuses e homens,
Ele não se assemelha aos mortais nem pela forma nem pelo entendimento."

Eis o que ele escreveu sobre a divindade.

Após ele a unidade foi afirmada por Parmênides de Elea:

"Eis os indícios do ser: sendo ingênito é imperecivel,
pois é pleno inabalavel e sem fim,
nem conhece passado ou futuro mas presente continuo,
é uno e sem começo,
não possue extensão ou volume,
Nem podemos concebe-lo nitidamente e palavras faltam para descreve-lo...
Nele não há divisão ou partimento, pois é todo indêntico,
Nele não há nem menor nem maior,
Pois é absoluto.
Por outro lado é imovel em límites de imensos liames,
É sem princípio, dinâmico, incorruptivel,
Mas os homens para longe se afastaram desta crença verídica." Da natureza VIII

Parmênides foi sucedido por Melisso de Samos, o qual testifica:

"Assim, pois, é Eterno, Infinito, Único e Pleno.
Jamais haverá de perecer ou de vir a ser maior,
Tampouco haverá de passar por quaisquer transformações,
E nunca experimentará a dor ou o sofrimento
Pois se experimentasse tais vicissitudes não seria o Único,
se se altera perder sua simplicidade,
perece o que não era antes e que depois deixara de ser...
Não recebe acrescimo, não perece, não se altera, não muda, como os demais seres,
Imovel." Sobre o Ser VII

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